5 de fevereiro de 2007

Novas demos

À medida que a produção do cd vai avançando vão saindo novas demos das músicas. Aqui ficam mais três que poderão ouvir quer neste post quer na barra lateral.

As Balas

Dá Outono as uvas e o vinho
dos olivais azeite nos é dado
dá a cama e a mesa o verde pinho
as balas deram sangue derramado

Dá a chuva o inverno criador
às sementes dá sulcos o arado
no lar a lenha em chama dá calor
as balas deram sangue derramado

Dá a primavera o campo colorido
glória e coroa do mundo renovado
aos corações dá o amor renascido
as balas deram sangue derramado

Dá o sol as searas pelo verão
o fermento no trigo amassado
no esbraseado forno cresce o pão
as balas deram sangue derramado

Dá cada dia ao homem novo alento
de conquistar o bem que lhe é negado
dá a conquista um puro sentimento
as balas deram sangue derramado

De meditar concluir ir e fazer
dá sobre o mundo o homem atirado
à paz de um mundo novo de viver
as balas deram sangue derramado

Dá a certeza o querer e o construir
o que tanto nos negou o ódio armado
que a vida construir é destruir
balas que deram sangue derramado

Essas balas deram sangue derramado
só roubo e fome e o sangue derramado
só ruína e peste e o sangue derramado
só crime e morte e o sangue derramado

Manuel da Fonseca / Adriano Correia de Oliveira



Cantar da Emigração

Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão


Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará

Rosália de Castro e José Niza / José Niza



Fala de um Homem Nascido

Venho da terra assombrada,
Do ventre de minha mãe;
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.

Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.

Trago boca para comer
E olhos para desejar.
Tenho pressa de viver,
Que a vida é água a correr.

Venho do fundo do tempo;
Não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao norte;
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada.

Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham,
Nem forças que me molestem,
Correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
Que a Natureza sou eu,
E as forças da Natureza
Nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença,
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à Estrela Polar.

António Gedeão / José Niza

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Amigos depois de uns quantos "malabarismos" consegui aceder ao blog :o). Faço questão de deixar o meu apreço pela vossa fraternidade e o meu humilde agradecimento por manterem viva a mensagem do meu Pai!
Isabel Correia de Oliveira

28 de fevereiro de 2007 às 23:06  

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